Sonhos de infância .

Viver sem malícia, sonhar em ser médico, astronauta, bailarina.
Querer conhecer o mundo, dormir sozinho, não ter medo do escuro.
Sentir a vida, andar de bicicleta até o pôr-do-sol.
Escorregar num arco-íris, mergulhar numa piscina de algodão doce.
Rir de tudo, chorar ao cair, correr pra cama dos pais no meio da noite.
Fingir estar doente e faltar aula, brincar de casinha, polícia e ladrão, ser um super-herói.
Voar, voar, voar.
Viver sem tocar os pés no chão.
Poder pular sem parecer bobo, aprender um milhão de coisas em um dia.
Ter sempre um colo por perto, ver o mundo sem preconceitos.
Não existe branco, negro, amarelo. Existe alegre e triste.
Não existe gordo, magro, alto, baixo. Existe o sorriso e as lágrimas.
Não existe egoísmo ou inimigos. Existe dividir sem olhar com quem se divide.
Não existe feio ou bonito, pobre ou rico. Existe viver em paz com todos ao seu redor.
Beijar e abraçar sem pensar no que outros vão pensar.
Um beliscão no colega, o pedido de desculpa e a nova brincadeira.
A saudade no fim do dia e a vontade de crescer logo e ser igual ao papai.
Sem saber que crescer é morrer um pouco, é perder um pedaço da vida que não volta mais.
É começar a perceber as cores. Esquecer do Papai-Noel, do monstro em baixo da cama.
Perder a vontade de comer ovo de Páscoa, brigadeiro.
Se importar com o que os outros falam, cansar de brincar, esquecer da boneca, do carrinho, perder todas as bolinhas de gude.
Dormir e não sonhar, é esquecer do anjinho da guarda, não conversar mais com Papai-Do-Céu.
Não contar estrelas, não pular amarelinha.
É prestar atenção nas diferenças e não nas qualidades.
É perder o sabor da vida.
É começar a esquecer o que é bom e ser só mais um adolescente, jovem, adulto até chegar a 2ª melhor idade e relembrar tudo isso. Voltar a sonhar e esquecer do mundo, sorrir sem motivos, chorar porque faz bem.
Brincar com a vida.
E esperar ...
Para novamente voar, voar, voar.
Como uma linda borboleta, sem nunca tocar os pés no chão.